Festas de Viana do Castelo 2025: Mordomas mostram o Ouro

Festas de Viana do Castelo em 2025: Tradição, Cores e Emoções à Beira-Mar

Agosto é o mês em que Viana do Castelo se transforma num palco vivo de fé, cultura e celebração. Em 2025, as principais festividades incluem a Romaria de Nossa Senhora da Agonia (12 a 20 de agosto). A Romaria d’Agonia é, sem dúvida, a maior e mais emblemática festa popular do país. Honra a padroeira dos pescadores, Nossa Senhora da Agonia, com raízes que remontam ao século XVIII. Ao longo destes dias, a cidade é invadida por um procissão marítima e terrestre, com barcos decorados e andores que percorrem o centro histórico. O
Desfile da Mordomia, onde as mordomas desfilam em trajes regionais deslumbrantes, enriquecidos com filigrana dourada. O Cortejo histórico e etnográfico, repleto de Gigantones, Cabeçudos e grupos folclóricos que celebram a cultura minhota Câmara Municipal de Viana do Castelo. A Feira de Artesanato e Festival de Folclore, onde a música e os saberes locais ganham vida nas ruas. 
Esta romaria também é marcada pela forte presença da diáspora vianense, que regressa de várias partes do mundo para celebrar a cidade e as suas tradições.

Romaria d’Agonia

A Romaria d’Agonia de 2025 em Viana do Castelo, decorre entre 12 a 20 de agosto, com o tradicional Desfile da Mordomia agendado para quinta-feira, 14 de agosto, às 16h00.
Este desfile é um dos momentos mais emblemáticos da romaria, reunindo centenas de mulheres trajadas a rigor, exibindo os tradicionais trajes das diversas freguesias de Viana do Castelo e ostentando peças de ouro que, em muitos casos, são relíquias de família. O evento é reconhecido como a maior montra de ouro ao ar livre do mundo, refletindo a riqueza cultural e a “chieira” das mulheres vianenses.

No ano anterior, o Desfile da Mordomia contou com a participação de mil mulheres, oriundas de 12 distritos de Portugal e de dez países, incluindo França, Estados Unidos da América, Suíça, Andorra, Luxemburgo, México, Brasil, Canadá e Países Baixos. A participante mais jovem tinha 14 anos e a mais idosa 84, demonstrando a transversalidade geracional deste evento. A Romaria d’Agonia é uma celebração que atrai milhares de visitantes todos os anos, oferecendo uma programação diversificada que inclui, além do Desfile da Mordomia, o Cortejo Histórico/Etnográfico de sábado, 16 de agosto e a tradicional Procissão ao Mar, que se realizará na quarta-feira, 20 de agosto, a partir das 14h30.

Os Testemunhos das Mordomas

Este ano. mais de novecentas mulheres de sete países mostraram a vaidade que sentem na cultura e nas tradições dos seus antepassados, durante o desfile da Mordomia que, no dia 14 de agosto e durante mais de duas horas, percorreu as ruas da cidade.

É a forma de mostrar como eram os nossos antepassados. Ana Moreno de 31 anos, da freguesia de Outeiro, comentou ao jtm "é com muito orgulho que estou a mostrar o que era da minha avó, o traje e o ouro que passaram de geração em geração. É uma vaidade muito grande. Até dá arrepios na pele”. Esta técnica de radiologia que em 2012 foi o rosto do cartaz da Romaria d’ Agonia, começou a participar no desfile da Mordomia aos 14 anos - idade mínima obrigatória para integrar um dos momentos mais altos destas festas. E também em criança entrou em outros números e procissões. Ana afirma "Vou continuar a participar sempre que conseguir. Quando tiver muitos cabelos brancos, quero passar para o outro lado e ajudar a organizar o desfile".

A abrir o desfile, formado no Palácio dos Cunhas, onde funcionava o antigo Governo Civil, estava o grupo de mulheres da ribeira.
Lara Silva de 23 anos e mãos na cintura, exibe orgulhosa o traje e o ouro passados de geração em geração. Lara começou a desfilar nas procissões com o traje da ribeira aos 3 anos e, a partir dos 14, passou a integrar a Mordomia. Lara disse "Trajo-me à varina porque estou a representar um dos pilares da minha vida, que já não tenho. A minha bisavó. O traje que envergo era da minha bisavó e esta é a homenagem que faço à minha família".
Também Inês Pardaleja de 18 anos, residente em Braga e estudante de medicina veterinária, deixou que o bichinho transmitido pelo avô, sempre ligado à organização das festas de Viana falasse mais alto e decidiu estrear-se no desfile da Mordomia. "Finalmente, este ano cedi ao bichinho. Quis muito fazer isto e também muito por ele (o avô). Estou a gostar muito do ambiente e quero aproveitar. Quero fazer tudo direitinho”.

Já Maria Cândida Ribeiro de 64 anos e a irmã Helena Oliveira de 50, do Porto, há seis anos que desfilam na Mordomia e não se cansam de elogiar a romaria d’ Agonia. Maria Cândida que começou a desfilar com trajes alugados, mas que já comprou um traje da Ribeira Lima, porque gosta muito de vermelho, disse: "É festa mais linda. Adoro a romaria".
Chegaram a participar seis familiares entre irmãs e sobrinhas, mas desde que se reformou do talho onde trabalhava que não perde um ano, acompanhada pela irmã Helena.
Tânia Manso 45 anos, desfilou durante 25 anos e agora é voluntária na organização do desfile. Esta educadora de infância preferiu passar "a ajudar a transmitir a cultura e tradição" da cidade e "a ajudar as mais novas a bem trajar e ourar". "É um sentimento diferente. Mais de colaboração e de missão para que tudo corra bem, para que as mordomas desfilem bem trajadas e bem ouradas".

Por que visitar Viana nesta altura?

• Fé e cultura ao rubro: tradições religiosas, etnográficas e festivas convivem em perfeita harmonia.
• Turismo com autenticidade: artesanato, gastronomia, saberes e vivências que só Viana oferece.
• Riqueza visual e afetiva: filigrana dourada, tapetes floridos, trajes, música e luzes compõem um cenário inesquecível.
• Encontro com a nossa diáspora: as festas são momentos de reencontro, partilha e pertença, carregados de emoção e saudade.

O Cortejo Histórico e Etnográfico

O Cortejo Histórico e Etnográfico é considerado um dos pontos altos da Romaria d’Agonia, reunindo milhares de pessoas nas ruas de Viana do Castelo. Mais do que um desfile, trata-se de uma verdadeira viagem no tempo, que mostra ao mundo as tradições, os ofícios e a riqueza cultural do Alto Minho.
Dois momentos distintos. O cortejo é geralmente dividido em duas grandes dimensões:

Histórico: Representa episódios marcantes da história de Viana e de Portugal. São recriadas cenas ligadas à fundação da cidade, aos Descobrimentos, às artes e ofícios antigos, bem como à ligação de Viana ao mar e à fé. Os figurinos e adereços são cuidadosamente preparados para refletir a época e proporcionar um espetáculo visual inesquecível.
Etnográfico: Mostra os trajes, os costumes e os saberes do povo minhoto. Aqui desfilam lavradores, pescadores, bordadeiras, artesãos e ranchos folclóricos, todos trajados com rigor e autenticidade. Os Gigantones e Cabeçudos animam o cortejo, enchendo as ruas de cor e alegria, enquanto os carros alegóricos recriam ambientes rurais, agrícolas e festivos.

Música e cor em cada passo

O cortejo é acompanhado por grupos de música popular, ranchos folclóricos e bandas filarmónicas, que enchem as ruas de ritmo e emoção. O som dos bombos, concertinas e cavaquinhos junta-se ao colorido dos trajes e ao brilho da filigrana usada pelas mordomas, criando uma experiência sensorial única.
Mais do que uma atração turística, o cortejo é um ato de afirmação cultural e identidade vianense. Cada freguesia participa com entusiasmo, mostrando o que tem de mais genuíno e preservando tradições que passam de geração em geração.
Em resumo, o Cortejo Histórico e Etnográfico é uma celebração da memória coletiva e da cultura viva de Viana e do Alto Minho. Quem assiste leva consigo não apenas imagens bonitas, mas também o espírito vibrante de um povo que sabe celebrar a sua história com orgulho e emoção.

A Lusijoia esteve presente e mostra-lhe um bocadinho do desfile de sábado.

Procissão Marítima e Terrestre: fé, tradição e o mar que abraça Viana

A Procissão Marítima e Terrestre é um dos momentos mais emocionantes e simbólicos da Romaria de Nossa Senhora d’Agonia, destacando a ligação profunda entre Viana do Castelo, o mar e a devoção dos pescadores à sua padroeira.
Desde o século XVIII que a Nossa Senhora d’Agonia é venerada como a protetora dos homens do mar. A procissão é, por isso, um gesto de fé e agradecimento, no qual os pescadores pedem proteção para as suas embarcações e para todos os que enfrentam as incertezas das águas.

Um dos momentos mais aguardados da festa é quando a imagem da Senhora d’Agonia é transportada até ao Porto de Mar e colocada a bordo de um barco engalanado.
A partir daí, inicia-se uma procissão fluvial, onde dezenas de embarcações, decoradas com flores, bandeiras e redes coloridas, acompanham a padroeira pelo rio Lima e até à foz do Atlântico. É um espetáculo de rara beleza: o brilho do ouro da filigrana mistura-se com o azul do mar e o colorido das embarcações, refletindo a alma marítima da cidade.
Depois de abençoar as águas, a imagem regressa ao santuário e percorre as ruas do centro histórico de Viana. Nesta parte da procissão, participam mordomas trajadas com o seu ouro ao peito, irmandades religiosas, autoridades, bandas filarmónicas e milhares de fiéis que acompanham em oração e devoção. As ruas são decoradas com tapetes floridos, e a cidade inteira se transforma num cenário de fé e emoção.
A Procissão Marítima e Terrestre é considerada uma das expressões religiosas mais belas de Portugal, pois une:

• a fé dos pescadores e devotos,
• a cultura popular minhota,
• e a ligação indissociável de Viana ao mar.

É um momento que toca tanto quem acredita, como quem apenas admira a beleza estética e o simbolismo cultural que envolve toda a cerimónia.
Em resumo, a Procissão Marítima e Terrestre é um verdadeiro espetáculo de fé, cor e tradição, onde Viana do Castelo reafirma a sua identidade marítima e religiosa, unindo gerações em devoção e celebração.

Estas festas são muito mais do que eventos: são experiências vivas de tradição, partilha e cultura, profundamente enraizadas na identidade vianense. 

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